Tecnologia da Construção
Monitoramento geotécnico automatizado detecta recalques no trajeto do túnel escavado com TBM
AUTORES
ACCIONA
- Lúcio Matteucci
Diretor de Projeto - Carlos Peña
Gerente de Sala Técnica - Ivo Teixeira
Gerente de Engenharia - Andrea Scremin
Gerente de Medições
GEPRODE CONSULTORES
- Roberto Collado
- David Mendi
A necessidade de prevenir riscos geológicos é vital para a execução segura de qualquer obra. No caso da futura Linha 6 Laranja do Metrô de São Paulo, que avança seu trajeto pelos bairros de Pompeia e Perdizes, por meio da execução de um túnel em escavação mecanizada com Shield (TBM), a preocupação é ainda maior. Os bairros por onde passa a nova linha, apresentam alta densidade de edifícios altos, ultrapassando os 10 andares. Sendo assim, o projeto inicial, que previa monitoramento geotécnico com instrumentos de controle manual e frequência de duas leituras, a Acciona, companhia responsável pelas obras, considerou que seria necessário o aumento da frequência das leituras.
A solução, seria como uma prevenção, em caso de ativação de uma patologia, incidente ou variações de recalques diferentes dos estimados no projeto, para que fosse reduzido o intervalo de tempo entre início, detecção e comunicação aos funcionários responsáveis por adotar medidas preventivas ou corretivas.
Sendo assim, para implementar o monitoramento contínuo de 24 horas por dia, conforme necessário para cada edifício envolvido, a Acciona aproveitou sua experiência de uma situação semelhante na construção da Primeira Linha do Metrô de Quito, no Equador. Neste caso, pelo valor histórico de seu centro, patrimônio mundial da UNESCO, após minucioso trabalho de seleção de edificações e tempos de passagem da TBM, foi desenhado um processo de instalação, desinstalação e realocação dos sistemas topográficos automatizados relocáveis, com controle contínuo, durante a passagem do TBM.
No caso da Linha 6, a solução tecnológica selecionada consistiu em clinômetros automatizados da marca SENCEIVE® (www.senceive.com). A escolha se deveu pela sua facilidade de montagem, desmontagem, autonomia para comunicação e transmissão de leituras, bem como pela independência da instrumentação de um edifício em relação ao restante. Cada sistema é composto por um clinômetro triaxial automatizado com painel solar instrumentado, equipado com bateria e conectividade Wi-Fi, e um Gateway, que recebe as leituras coletadas de todos os instrumentados via Wi-Fi, as envia pela Internet para um website, que coleta os dados, gera gráficos e envia avisos de alerta (via e-mail, SMS) quando os níveis máximos definidos forem ultrapassados.
A estrutura dos edifícios foi analisada e os pontos mais representativos foram selecionados para monitorar possíveis distorções angulares e inclinações que pudessem comprometer sua integridade estrutural.
O tempo de operação foi inteiramente automatizado em cada prédio dependendo da duração da passagem da TBM pela sua área de possível influência, sendo em média 6 dias. A este tempo foi adicionado o tempo de instalação, teste e desinstalação, com uma média de 28 dias. Com 2 sistemas independentes (1 Gateway e 6 clinômetros automatizados cada um), foi possível ter os 12 edifícios selecionados do trecho entre as estações SESC Pompeia, Perdizes e PUC monitorados continuamente 24 horas por semana, tendo-os atualmente disponíveis para monitorar outros edifícios seguindo o avanço da TBM. Além de um aumento considerável dos níveis de segurança, a utilização desta solução de instrumentação relocável representa uma economia de 66% em comparação com a opção de monitoramento manual.